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(Foto: Museu Histórico de Lucas do Rio Verde)
Eram 8h da manhã de uma quinta-feira, 05 de agosto de 1982, quando o Governo do Estado de Mato Grosso e o Incra fundavam o núcleo urbano de Lucas do Rio Verde e ali eternizariam Francisco Lucas de Barros, ao nomear a localidade. Francisco Lucas havia falecido em 1945 e jamais teria noção de que um dia faria parte da história de uma cidade tão pujante e tão bela. Até hoje tem gente que ainda não sabe quem realmente foi o homem que “emprestou” seu nome à nossa cidade.
Francisco Lucas de Barros nasceu em 18 de outubro de 1874, na antiga São José dos Cocais, atual Nossa Senhora do Livramento, e faleceu em 11 de abril de 1945, em sua casa, na rua Tenente Joaquim de Albuquerque nº 1, Bairro do Porto, em Cuiabá. Filho de José de Barros Maciel e Dona Mariana Marques de Barros, Francisco Lucas recebeu esse nome por ter nascido no dia de São Lucas, que seu pai homenageou ao santo. Ele se casou com a própria sobrinha, Mariana Leite de Barros, uma ilustre dama cuiabana, filha do Tenente Manoel Venceslau de Barros, em 31 de março de 1894, aos 20 anos de idade. Para se ter uma ideia, os paraninfos dos atos civil e religioso foram o Coronel Antonio Leite de Figueiredo, Capitão Fernando Leite de Figueiredo, Tenente Benedicto Ezequiel de Barros e Raimundo Augusto de Figueiredo, todos membros da alta sociedade cuiabana.
O pai de Francisco Lucas, José de Barros Maciel, patenteado 1º Tenente pelo governo imperial em 1886, era um conceituado professor de aritmética e trigonometria do Liceu Cuiabano e que deixou a sala de aula para se tornar o agrimessor oficial do governo mato-grossense.
Francisco Lucas foi uma das figuras mais importantes de Mato Grosso no início do século XX. Ele recebeu a patente de 1º Tentente, do Governo Federal ainda em 1886, quando assumiu o cargo de delegado do segundo distrito de Cuiabá. Foi Capitão, Major, Tenente-coronel e, finalmente, foi condecorado como Coronel em 1912. Nessa época já era o maior comerciante de borracha de Mato Grosso, mantendo relações comerciais com a Inglaterra.
Em 1910, quando se juntou ao maior coronel de Rosário Oeste, Arthur de Campos Borges e fundaram a empresa Lucas, Borges & Companhia, passou a explorar os seringais do Rio Verde, construindo um dos maiores barracões no Piavoré, local onde se encontra a cidade de Lucas do Rio Verde na atualidade.
Entre os coronéis exploradores da seringa, como Alexandre Magno Ador, Orlando & Comp., Almeida & Comp., Francisco Lucas era tido como o coronel mais respeitado pela sua postura e suas ações. Ele era temido tanto pelos coronéis, quanto pelos seringueiros e índios da região. Entre os índios Cajabis, o nome de Coronel Lucas era sinônimo de terror, pois dezenas de vezes teve que combater os índios que costumavam assaltar e assassinar os seringueiros.
O Coronel Francisco Lucas foi condecorado pelo Governo do Estado, em 1912, como o maior contribuinte de impostos sobre indústrias e comércios de Cuiabá. Comandou 350 seringueiros armados na revolta do Piavoré, no conflito de 1916 contra o governo de Caetano Manoel de Farias e Albuquerque. Perdeu a batalha, mas seu prestígio aumentou em Cuiabá. Terminou seus dias como um dos maiores comerciantes do Bairro do Porto na capital mato-grossense.